sexta-feira, 26 de outubro de 2012

CREPÚSCULO OU HARRY POTTER?

"Crepúsculo" não  superar sucesso de "Harry Potter"

Livro de Stephenie Meyer não ameaçará reinado de JK Rowling na literatura teen...

 

"Crepúsculo" não superar "Harry Potter"
 
No entanto, Stephenie está longe de ser a responsável por uma marca com valor de quatro bilhões de dólares como é Harry Potter. A série sobre o bruxinho emplacou, desde o primeiro volume, mais de 350 milhões de cópias comercializadas. Os motivos para tal discrepância são dois: marketing e narrativa. Harry Potter não só foi um fenômeno literário dos últimos 11 anos, como também um exemplo de como o marketing pode ajudar a construir uma marca.
Os livros de JK tinham lançamentos mundiais sincronizados e grandes festas de lançamento, que levavam centenas de jovens às livrarias. Franquias de absolutamente qualquer tipo de bugiganga: meias, jogos, camisetas, pratinhos de aniversário e, é claro, os filmes da Warner Bros. Assim, o nome Harry Potter pairava no ar mesmo quando não havia novos livros sendo lançados, criando um clima de ansiedade pelo fim da história que favorecia o consumo dos livros.

Narrativa
"Crepúsculo" tem menos capacidade de diálogo com os leitores do que Harry Potter. A história de amor entre Bella e Edward atinge, sobretudo, um público feminino, enquanto Harry Potter é de cunho mais universal.

O narrador de "Crepúsculo" é Bella, ou seja, em primeira pessoa. Portanto, os temas que serão destacados e maneira de observação serão o de uma menina de 17 anos. O amor, o sorriso de lado e o olhar são situações que não atraem os garotos, que em uma história de vampiros espera ver sangue, lutas e, de grosso modo, um pouco menos de "melação".
 Harry Potter, por sua vez, é narrado em terceira pessoa. O narrador onisciente é dono absoluto de todas as situações, conseguindo dar conta tanto de sentimentos internos do personagem (como o amor) como aspectos descritivos das cenas que nunca estariam em uma história contada em primeira pessoa.

O verdadeiro herói de "Crepúsculo" é Edward e se a história fosse contada a partir do ponto de vista dele – ou até em terceira pessoa – a chance de ameaçar Potter seria muito maior. Os dilemas com os quais o vampiro se depara resumem temas da literatura universal que as simples questões de Bella nem pensam em chegar perto. Esta, em geral, preocupa-se mais em como viver eternamente com seu amor, enquanto aquele está divido entre o impulso de matá-la e o amor que sente por ela.

Na verdade, se aplicarmos algumas funções de Propp (estruturalista russo que estudou componentes básicos das narrativas dos contos populares) veremos que Bella pouco se encaixa na maior parte delas. É Edward que tem que decidir (matar ou não matar Bella) e é ele que possui um estigma, pois os seus olhos mudam de cor quando está com sede de sangue, assim como a cicatriz de Potter arde quando pressente seu inimigo. Em "Crepúsculo", o deslocamento espacial, que nas histórias de JK são feitas por lareiras, varinhas e portais mágicos ocorre por meio da capacidade de corrida de Edward. Corrida esta que sempre provoca vertigem em Bella. Ficar com vontade de vomitar não é uma atitude heróica.
 

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